quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Vem sem demora!

Eu espero por você!
Esperar é tudo o que eu faço.
Mas você nunca vem! Nunca!
Eu vou esperar pra sempre!
Mesmo que eu termine meus dias sozinho e miserável.
Teus olhos vão consertar tudo!
Tua voz vai acalmar minha tormenta,
O toque da tua pele vai aquecer minh'alma
E o beijo dos teus lábios vai calar a voz da minha solidão!
Suas mãos vão espantar toda inibição ao percorrer os caminhos do meu corpo.
O teu abraço vai sufocar minha tristeza até a morte
E eu viverei inebriado no teu cheiro e embriagado na tua boca.
Mas hoje eu vou só esperar.

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Hello...



Eu sou uma noite de primavera.
Sou uma cadeira velha, um cigarro na madrugada e uma xícara de chá de capim-cidreira.
Eu sou um rapaz de vinte anos e o barulho do ventilador de teto do quarto da minha mãe.
Eu sou uma mesa com uma única cadeira no quintal vazio que de uma casa alugada.
Eu sou o ducentésimo septuagésimo sétimo número de uma rua com nome e sobrenome, num bairro santo de uma cidade conhecida por seus sorrisos.
Eu sou o barulho que faz a chave ao destrancar o portão da casa de um cidadão que tosse muito.
Eu sou barba, cabelo e bigode, e uma música dos Los Hermanos.
Eu sou a primeira gota de chuva da estação.
Eu sou o dia 26 de um setembro qualquer e sou o ano de 1941, ou 42, não sei ao certo.
Muito Prazer!
Me chamo SOLIDÃO.

sábado, 15 de novembro de 2014

Síntese



Queria eu não ver, não ouvir, não cheirar, não sentir.
E mesmo que doa, quando em mim tua voz ecoa, eu tornarei a mentir.
Tornarei a camuflar, a mascarar, a fingir e a infligir tormentos a mim mesmo.
Cortes a esmo.
Pudera eu não existir, para que não tivesse que sentir o que por mim tu não sentes, pois não mentes quando não dizes que me quer.
Maldita seja a maldição do amor, que a quem não traz calor, satisfaz com a dor o coração.
Por ti venderia a alma, mas esta já não tem valor pois não sou quem tu queres. Não sou, nunca serei e não quero ser uma das mulheres.
Sou apenas para ti indesejável, inútil e execrável por não te ser atrativo, nem te ter nada de convidativo. Por ser homem, que te quer como homem do modo como tu queres e desejas uma qualquer dentre as mulheres.
Me contento, pois, a amar-te no escuro, querer-te no silêncio, no meu mundo absurdo de fantasias de nó dois. 

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Celofane


Queria que pudesses me ouvir, onde quer que estejas.
Queria que pudesses me sentir, da mesma forma que te sinto.
Queria que pudesses me enxergar, pois tu olhas pra mim mas não te esforças a me ver.
Queria que soubesses de meu amor, que é como o amor do poeta.

Amo-te com um amor que é maior que o próprio amor.

Queria que tu me quisesses, do jeito que te quero.
Eu esperaria um milênio inteiro por ti.
E se eu só te tivesse por um dia, e se esse dia fosse o milésimo e último dia da minha vida infeliz,
eu morreria em paz.
Eu me entregaria de bom grado à morte.

Mas é como se eu não existisse.
Como se eu nem fosse humano, mas uma espécie inferior e sem significância.

Mas esse amor é forte e violento.
Esse amor me tortura e me força a te amar no escuro, na surdina.
Ah! como dói meu pobre coração!

Por que diabos tu não me amas de volta?
O que há de tão errado comigo?

Opa, caiu...

Eu quebrei.
Me desfiz em mil pedacinhos.
Os pedaços, os cacos, são tão minúsculos
que eu não acho que seja possível juntá-los
e me consertar.

Agora
eu estou espalhado pelo chão do quarto,
até alguém me varrer e me jogar no lixo.

09/05/14

domingo, 30 de março de 2014

Que a Morte me acolha...

Pudera eu mergulhar nas águas congeladas do Ártico pra que o frio fizesse parar o meu coração cansado.
Pudera eu me entregar ao fogo para que me queime por inteiro, célula por célula, até que de mim só restem as cinzas.
Pudera eu me lançar no vácuo infinito da imensidão do universo, pra que a pressão comprima meu corpo e faça explodir meus órgãos.

quinta-feira, 27 de março de 2014

Eu...

Nada.
Vazio.
Quebrado.
Inútil.
Indesejável.
Invisível.
Sozinho.
Solitário.
Sem amor.
Sem quem amar.
Sem quem me ame.
Odioso.
Desprezível.
Insensível.