sábado, 19 de janeiro de 2013

Surrealism or Reality?

É na floresta dos sonhos perdidos que encontro meu caminho, guiado por memórias que me atormentam e me empurram para frente. E, enquanto eu fujo das minhas sombras, meus fantasmas se alimentam das migalhas que deixei cair da minha alma na vã esperança de achar o caminho de volta. De tanto correr dos meus medos, eu tropeço nas raízes de uma árvore anciã e caio para cima dentro de um buraco nas nuvens e acabo desacordado.

Quando desperto, me encontro preso no interior do nada dentro da nuvem e a única alternativa que me resta é caminhar, pois cair para baixo pelo buraco onde entrei já me parece muito absurdo. Ao longo da minha caminhada sou surpreendido por trovões ensurdecedores e seus raios cegantes, que percebo, depois de me habituar a esses fenômenos, que eles não passam de seres surreais presos numa dança eterna e destrutiva, mas que não deixa de ser bela. As horas viram dias, que viram semanas, que por sua vez já são meses e minha caminhada ininterrupta já gastou todo o meu calçado e a estrada de granizo agora devora a sola de meus pés. 

A pés sangrentos chego a uma encruzilhada e fico dividido entre dois caminhos: um é escuro e remete ao infinito do cosmos e dele saem as vozes dos meus demônios da infância que sussurravam atrocidades em meus ouvidos; o outro caminho é uma queda livre que termina num oceano de sangue, habitado por criaturas feitas de ossadas humanas que anseiam pela minha carne.

Frente a minha dúvida a dança perpétua dos seres ruidosos e cegantes recomeça e como que por pura magia eu capturo um raio com as mãos e tomo minha derradeira decisão, rumando para a caverna dos sussurros saudosos e demoníacos, usando minha arma olimpiana como única fonte de luz e proteção. O que será que há no âmbito deste caminho? Acho que cabe a mim, o peregrino dos pés sangrentos, descobrir.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

E eu ainda espero a chuva cair sobre mim


 Hoje é um daqueles dias em que o tédio me absorve. Sem absolutamente nada pra fazer, eu tenho vontade de gritar o mais alto possível pra ver se essa vontade de pular da varanda do segundo andar passa. Às vezes eu me sinto cinza como o céu de um dia chuvoso de meados de janeiro, quando o Sol dá uma trégua e os trovões tomam o lugar do canto dos pássaros da estação. Na minha mente os trovões rugem todo o tempo e o Sol está sempre encoberto por nuvens carregadas, mas nunca chove. Nem mesmo uma única maldita gota cai das nuvens escuras.

Eu queria que chovesse no solo fértil da minha mente e fizesse florescer todas as coisas que eu ainda não senti e nem pensei. Quem sabe uma só gota não faz nascer em mim a maturidade que vejo em meus amigos que seguem com suas vidas sozinhos e que dão a cara a tapa pro mundo. Assim como os poucos pássaros voando nos céus deste dia chuvoso, se arriscando à molhar as asas e sem medo de que isso possa derrubá-los.

Que o céu continue a derramar suas lágrimas de chuva e molhar a terra da rua de frente pra casa da minha vó, terra que eu tanto pisei e que agora vira lama. E agora o único som que eu pretendo ouvir é o rugir feroz e ensurdecedor dos trovões que com seus raios rasgam o céu cinzento lançando flashes de luz branca na terra coberta pela penumbra das nuvens. Meu desejo é que o Sol continue escondido atrás das nuvens e que chova eternamente.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

The Night and I

A noite me contém e me preenche. A lua me dá força. O céu noturno reflete a minha alma e eu abraço a escuridão como se fôssemos amantes. E se a escuridão fosse personificada em ser humano, nossos corpos se entrelaçariam enquanto fosse noite e reinassem as trevas e a decadência.

Quisera eu ser como as criaturas noturnas e mitológicas criadas por almas solitárias e taciturnas como a minha. Quem me dera atingir o ápice de minhas faculdades sob o reino da deusa lunar, Diana.
Tudo que carrego dentro de mim são as ruínas e os resquícios da felicidade que tanto saboreei quando mais jovem. E nessas ruínas impregnadas de nostalgia, ressentimento e resignação eu pretendo permanecer enquanto durar a minha alma. Existirei para alimentar meu ódio com o medo e a insegurança alheia.

A noite é minha mãe, minha irmã, minha amiga, minha deusa, e minha amante e eu serei seu consorte por toda a eternidade. E até que a escuridão consuma o mundo semearei a discórdia e o caos, sempre ao pés de Diana e ao som da serenata da auto-destruição.