Agora minha mente se enche de qualquer coisa que minhas retinas captam, nenhuma informação ou imagem é filtrada ou selecionada. Foram se acumulando imagens do céu azul ou cinza e da lua cruzando o veludo azul transpassando suas fases e lançando seus feitiços. Encheu-se uma gaveta no meu arquivo, e depois mais uma, e mais uma, e mais outra, até que se acumularam arquivos e mais arquivos. E caixas, e mais caixas, cheias de informação inútil e perturbadora. No começo era fácil descansar meus olhos. Deitar nos braços de Morfeu era delicioso e revigorante para meus olhos. Mas agora eu não ouso piscar, pois temo que as imagens gravadas no meu lobo temporal me levem à extrema loucura. Morfeu já não recebe minhas visitas há muitos séculos e é provável que fique sem me receber em seu abraço por vários milênios.
Tenho medo do que possa acontecer se meus olhos não pararem de registrar e armazenar tudo que reflete a luz. Mas ainda tenho esperanças de que minhas retinas sequem e eu fique totalmente cego e que não me reste mais nenhum sentido ou sensação para que eu possa me entregar completamente a Morfeu e me deitar em seus braços sem nunca mais acordar.