segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

E eu ainda espero a chuva cair sobre mim


 Hoje é um daqueles dias em que o tédio me absorve. Sem absolutamente nada pra fazer, eu tenho vontade de gritar o mais alto possível pra ver se essa vontade de pular da varanda do segundo andar passa. Às vezes eu me sinto cinza como o céu de um dia chuvoso de meados de janeiro, quando o Sol dá uma trégua e os trovões tomam o lugar do canto dos pássaros da estação. Na minha mente os trovões rugem todo o tempo e o Sol está sempre encoberto por nuvens carregadas, mas nunca chove. Nem mesmo uma única maldita gota cai das nuvens escuras.

Eu queria que chovesse no solo fértil da minha mente e fizesse florescer todas as coisas que eu ainda não senti e nem pensei. Quem sabe uma só gota não faz nascer em mim a maturidade que vejo em meus amigos que seguem com suas vidas sozinhos e que dão a cara a tapa pro mundo. Assim como os poucos pássaros voando nos céus deste dia chuvoso, se arriscando à molhar as asas e sem medo de que isso possa derrubá-los.

Que o céu continue a derramar suas lágrimas de chuva e molhar a terra da rua de frente pra casa da minha vó, terra que eu tanto pisei e que agora vira lama. E agora o único som que eu pretendo ouvir é o rugir feroz e ensurdecedor dos trovões que com seus raios rasgam o céu cinzento lançando flashes de luz branca na terra coberta pela penumbra das nuvens. Meu desejo é que o Sol continue escondido atrás das nuvens e que chova eternamente.