quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Mirror on the wall, here we are again...




Eu olho no espelho e penso se gosto do que vejo. Olho bem pro meu reflexo, reparo em todos os detalhes. Sigo a linha do meu rosto e paro na minha boca. Quanta coisa eu já disse. Será que alguém se feriu com as palavras proferidas por estes lábios? Será que o som da minha voz já fez alguém feliz? Quantos cigarros eu já fumei. Quantas bocas eu beijei. Sigo pelo contorno do meu nariz e paro nos meu olhos. Quanta coisa eu já vi nesses míseros dezoito anos. Estes olhos tristes e cansados são portais para as minhas memórias. Cada visão captada pelos meu olhos permanece vívida na minha mente. Imagens de violência, mágoa, tristeza, arrependimento, alegria momentânea, um oceano de recordações no qual eu me afogo todas as noites quando vou dormir. Agora eu olho de novo para a imagem no espelho e vejo um jovem de aparência dura e nada atraente. Mas se volto a focar nos olhos desse reflexo, vejo apenas um garotinho de nove anos assustado que sente falta do pai e chora por se sentir sozinho no mundo e com um buraco se abrindo onde antes batia um coração. Esse buraco só fez crescer e crescer. Hoje eu sei, olhando pra mim mesmo no espelho, o quanto de sub-vida ainda tenho pela frente.