sábado, 15 de novembro de 2014

Síntese



Queria eu não ver, não ouvir, não cheirar, não sentir.
E mesmo que doa, quando em mim tua voz ecoa, eu tornarei a mentir.
Tornarei a camuflar, a mascarar, a fingir e a infligir tormentos a mim mesmo.
Cortes a esmo.
Pudera eu não existir, para que não tivesse que sentir o que por mim tu não sentes, pois não mentes quando não dizes que me quer.
Maldita seja a maldição do amor, que a quem não traz calor, satisfaz com a dor o coração.
Por ti venderia a alma, mas esta já não tem valor pois não sou quem tu queres. Não sou, nunca serei e não quero ser uma das mulheres.
Sou apenas para ti indesejável, inútil e execrável por não te ser atrativo, nem te ter nada de convidativo. Por ser homem, que te quer como homem do modo como tu queres e desejas uma qualquer dentre as mulheres.
Me contento, pois, a amar-te no escuro, querer-te no silêncio, no meu mundo absurdo de fantasias de nó dois.